segunda-feira, 27 de novembro de 2017

PATIFARIA PETISTA

NOVA INJUSTIÇA EM 2010

Christina Fontenelle
2010

Infelizmente, o Estado está impregnado de militância cega, emburrecida por anos e anos de lavagem cerebral, por pregação socialista revolucionária, mais tarde apelidada de social-democracia. Aprenderam a sofismar principalmente para si próprios os chamados social-democratas. Não enxergam a realidade, não conseguem perceber-se manipulados para que a nomenklatura locuplete-se em luxo, autoritarismo e roubalheira. Pior, não são nem maioria os militantes, mas já são sim os emburrecidos e os incapazes mais manipuláveis que ‘jamais existiram na história deste país’.

Lula foi elevado a presidente do país para dividi-lo, para trazer à prática a já arraigada pregação socialista, para dar forma palpável à luta de classes. Em seus palanques e em algumas de suas entrevistas, além de mentir, é só isso que ele fazia. Não importava que ele flexionasse em gênero a palavra “pseudo”, que ele, numa entrevista dessas tantas que vinha dando nos estúdios de TV na época das eleições de 2006, feminilizou para “pseuda”; não importa o que faça nem o que denunciem, como ele mesmo discursa, o que importa é que ele veio como instrumento vingador – aquele que destruiria “o que o outro construiu e que eu não consegui”. Para os que estavam com ele, para os que votavam nele, não importava se continuariam a nada ter, a nada construir; o que importava é que “as elites” tudo perderiam (elite para os petistas é quem tenta ganhar dinheiro honestamente, é culto, tem formação educacional e profissional e tem valores cristãos).

Agora, em 2011, já com Dilma levada à presidente da república pelas mãos de Lula e pelas artimanhas petistas, a perseguição aos non gratos pelo PT em nada mudou e continua a seguir seu rumo vingativo destruidor inabalável. Já não se sabe mais o que é verdade e o que é mentira na terra do tio Lula.

Em dezembro deste ano, o jornalista Amaury Ribeiro Junior publicou um livro pela editora Geração Editorial sob o título de “A Privataria Tucana”. Segundo o autor, o livro apresenta provas documentais de corrupção, de mal uso de dinheiro público, de tráfico de influência, de lavagem de dinheiro e de enriquecimento ilícito de pessoas ligadas ao PSDB – mais especificamente da família de José Serra - que teriam ocorrido durante as privatizações – especialmente as das teles - no período em que o partido do presidente Fernando Henrique Cardoso esteve no poder.

O autor diz que boa parte dos documentos foi obtida na Junta Comercial de São Paulo, de forma lícita, através do serviço de um despachante de nome Dirceu Garcia (também envolvido no caso de quebra de sigili fical da filha de Serra).

Vamos aos fatos.

Para início de conversa, o cidadão Dirceu Rodrigues Garcia não é exatamente despachante. Nos dados pessoais do seu depoimento à polícia (clique na figura ao lado para ampliar e ler o depoimento na íntegra) consta como profissão office-boy (prestando serviços paralegais de assessoria em geral à empresa Biopersona, perante à Junta Comercial de SP). Dessa forma, Amaury Jr, como jornalista investigativo profissional, sabia muito bem que Dirceu teria que depender de algum funcionário dentro da JC-SP, para conseguir os documentos que lhe encomenava. É a terceirização do agente corruptor, percebem? Ele não se envolve diretamente na ação, porém não deixa de ser o agente provocador do fato.

No começo da relação entre os dois, Amaury costumava perdir a Dirceu fichas de breve relato (do registro de uma empresa na junta comercial de seu Estado) – o que é passível de ser obtido por qualquer pessoa dentro da legalidade – e fotocópias de inteiro teor, o que, dependendo do caso, não pode ser licitamente obtido por qualquer pessoa mediante simples requerimento. Mas, não parou por aí. Segundo Dirceu, em seu depoimento, Amaury passou a pedir cópias de declarações de imposto de renda mediante o fornecimento de números de CPFs e de CNPJs. Isso é crime. Ponto.

Já nessa etapa de mais ‘cumplicidade’ entre Amaury e Dirceu, este, como afirmou em seu depoimento, começou a prestar serviços ao jornalista mesmo fora da JC-SP. Numa dessas vezes, foi até a Junta Comercial de Barra Funda (SP) e entregou a uma pessoa chamada Ademir Estevam Cabral (1) vários pedidos de cópias de declaração de imposto de renda. Foi nessa leva de pedidos de cópia que acabou aparecendo publicamente, via imprensa, a quebra de sigilo fiscal dos parentes de Serra. Por este deslize, Amaury foi indiciado por quatro crimes.

E os documentos obtidos em cartórios? Será que qualquer pessoa pode adentrar um cartório, repleto de registros de toda a espécie e de toda a gente, e simplismente pedir a cópia de qualquer documento de terceiros? Ora, os cartórios são uma extensão do braço do Estado, concedida por este. Para estar dentro da legalidade, para poder exercer uma série de deveres de cidadão, bem como para obter determinados direitos, toda e qualquer pessoa precisa fazer algum tipo de registro nos cartórios. Eles guardam importantes informações particulares dos cidadãos. O jornalista simplesmente se refere a tais documentos como ‘documentos obtidos em cartório’. Como assim? Os documentos eram de acesso público? Se não, foram obtidos de que maneira?

De modo que é de causar estranheza que um indivíduo saia por aí obtendo documentos e sabe-se lá mais qual o tipo de evidências que quiser, da forma que ache por bem, à revelia da lei, usando, depois, o material obtido, para escrever um livro-colagem qualquer sobre o que lhe der na veneta, e no qual dispare acusações sobre quem lhe convier, ao seu bel prazer, e fica tudo por isso mesmo?

A editora acha lindo e publica o livro; alguns coleguinhas da imprensa acham sensacional e dão o maior destaque nos veículos em que trabalham; o indivíduo-autor dá dezenas de entrevistas dizendo o que quer de quem ele queira; e ainda, sob a aparente normalidade legal e comercial, o livro dispara em vendas e esgota em todas as livrarias do país... E fica tudo por isso mesmo?

(1) Ademir Estevam Cabral morava numa casa de tijolos aparentes na periferia de Francisco Morato, junto com a ex-mulher, dois filhos, dois enteados e a neta. Segundo sua esposa, Cabral não tem ensino fundamental completo, não sabe escrever direito e nem mexer em computador - todo o seu patrimônio resumia-se a um fusca velho. Motorista particular desempregado, havia quatro anos, amigos arrumaram-lhe um trabalho pra abrir e fechar firmas. Todos os dias, Cabral pegava um trem de Francisco Morato para São Paulo, onde passava o dia trabalhando como office-boy para vários escritórios de advogados. Como complemento de renda, vendia bebidas para bares da região onde morava e, aos finais de semana, abria um bar na frente de casa.

Na entrevista (http://www.youtube.com/watch?v=ufUjcYOY_iE) concedida por Amaury, no dia do lançamento do livro (10/11/2010), a blogueiros e que foi transmitida ao vivo pela internet, o que se viu foi um homem de figura e de comportamento compleramente incompatíveisl com alguém que tivesse escrito seu livro. Estava à frente da câmera um homem inchado, de pouco fôlego, de fala arrastada como a de um bêbado, com um português muito ruim, cheio de erros de concordância, carente de variado vocabulário, que ‘engole’ os ‘s’ dos plurais e ainda que não tem a menor noção de como se fala a expressão em latin ‘modus operandi’, apesar de tê-la usado algumas vezes no livro que agora publica. Ele falou, várias vezes, durante a entrevista, ‘modo’ operandis. Outra pérola que saiu da boca de Amaury: “Eu se (sic) tornei um rastreador de dinheiro público”. Hein???? Só vendo a entrevista.
Havia alguns momentos em que Amaury parecia-me uma figura já bastante conhecida. Mas não conseguia saber exatamente de quem se tratava. Uma figura fanfarrona, espaçosa, chegada numa ‘caninha’, inseguro (silogismo para não saber do que fala) em explicar o que quer que se lhe pergunte fora do que caiba na resposta decorada e sempre pronto para responder sobre qualquer coisa, desde que na área das opiniões, mesmo que se trate de um absurdo qualquer.

A impressão e semelhança com alguém já conhecido na mídia ficou ainda mais forte na hora em que Amaury disse: “Esses caras do PSDB são formados em Economia pela PUC-RJ, com pós-graduação em ‘lavagem de dinheiro’, em Havard(PSDB - (Partido Social Democrata Brasileiro); PUC-RJ - (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro); (USA) – Universidade norte-americana). Em Inglês, para que o mundo entenda a pérola: “These PSDB (Brazilian Social Democratic Party) guys are graduated by the PUC (Pontifical University - which is an university network that exist in several Brazilian states) with Harvard (USA) post-graduate in 'money laundering”. Não se parece com o discurso que muito se costumava ouvir de uma figura pública muito famosa entre os brasileiros?

Mas de causar mais estranheza ainda é o fato de tanto o editor , Luiz Imediato, quanto o autor alardearem confiantes que qualquer processo contra o autor pelo que tenha sido dito na obra será perda de tempo, com derrota garantida, porque tudo que estaria escrito ali estaria também acompanhado de provas documentais. Meus advogados disseram que todos que entrarem na Justiça contra nós, por qualquer motivo, sairão derrotados na ação porque tudo o que se fala no livro vem acompanhado de provas documentais”, diz o editor em entrevista concedida a blogueiros transmitida ao vivo pela internet, no dia 10 de dezembro último.

Um erro acreditar que assim o seja. Enganam-se tanto eles quanto seus advogados – a maior parte do que vem relatado em ‘Privataria Tucana’ são ‘achismos’ e opiniões subjetivas do autor a respeito do que este supõe estar por trás dos documentos apresentados no livro. É como se nos fosse apresentado, por exemplo, um contrato qualquer de aluguel entre um proprietário e um inquilino como prova ‘cabal’ e ‘documental’ de que este  tivesse assassinado o proprietário do imóvel. Ora, o contrato é apenas prova de que exista uma relação comercial entre as duas partes. Não é nem ao menos prova de que ambas sejam conhecidas uma da outra, já que pode haver um administrador fazendo a interlocução entre elas, e muito menos ainda prova de que uma destas partes tenha praticado ato violento contra a outra.

Um exemplo. Diz o livro: “Derrotado na disputa à Presidência da República, José Serra gastou boa parte da campanha eleitoral de 2010 resmungan­do contra "espiões" que estariam bisbilhotando a vida de sua filha Verônica e de ilustríssimas figuras de seu partido. Sua aliada, a mí­dia encarregou-se de reverberar seus protestos, turbinando-os com altos decibéis.”  Ora não há provas documentais no livro de que a mídia seja ou que tenha sido aliada de José Serra. Esta é uma opinião do autor e não um fato comprovado por documentos.

No meio da pequena ilha de palavras redigidas cercada por um mar de documentos, que é a ‘Privataria Tucana’, há o enxerto de um capítulo - o de n° 11 - completamete fora do contexto da ‘obra’, despropositadamente dedicado quase que exclusivamente a difamar o coronel da reserva do Exército, Enio Fontenelle, que Amaury chinga de “Doutor-Escuta, o araponga de Serra”.

A troco de que? Pergunta-se. Para financiar seu livro-colagem anti-tucano, servindo de pau-mandado e de testa-de-ferro? Ou será que foi para comprar garantia de inocentização nos processos que enfrenta por causa de sua participação na quebra de sigilo fiscal da filha de José Serra e de seu marido, Alexandre Borgeois, durante a campanha presidencial de 2010?

Este capítulo torna-se bastante interessante por demonstrar o tamanho da capacidade que o autor, Amaury Ribeiro Jr., tem de se transformar em um picareta com ‘uma caneta nas mãos’, expressão usada para se referir a pessoas que tenham como publicar o que escrevem de modo a ser lido por um grande número de pessoas. Mentiras é o que este homem publica e repete em suas entrevistas sobre o coronel Fontenelle e sobre sua empresa, a Fence.

A partir deste momento, passo a me referir a Amaury Ribeiro Junior como ex-jornalista, como o faz o jornalista Reinaldo Azevedo:

“Alguns leitores me perguntam por que chamo Amaury Ribeiro Jr. de ‘ex-jornalista’. Porque os crimes de que é acusado e as coisas que andou fazendo não caracterizam exatamente o trabalho de um “jornalista”. Seja lá qual for, depois que se desligou de O Estado de Minas — e talvez um pouco antes —, a sua profissão é outra. Jornalista não muda a realidade para depois retratá-la. Ainda que repórteres investigativos sejam levados, muitas vezes, a dialogar com criminosos para obter notícia e ainda que, freqüentemente, fiquem sabendo de falcatruas por intermédio da ala da bandidagem que não se deu bem e decide se vingar, isso é coisa muito diferente de praticar o crime, de fazer parte da cadeia criminosa, entenderam? Assim, trata-se de um ex-jornalista.”

Concordo em gênero, número e grau, principalmente agora, depois que o ex-jornalista publicou seu livro-colagem, digo ‘A Privataria...’

Desmentindo Amaury

“A arapongagem teria raiz no "núcleo de inteligência" montado por petistas, cuja existência nunca foi provada. Serra sempre refutou, também com veemência, adotar práticas seme­lhantes às que supunha ver praticadas por seus adversários.” Diz Amaury no livro.

Nunca foi provada a existência do tal núcleo? Então os próprios petistas fizeram questão de mostrar que existia na matériaPaz, amor e guerra (por Policarpo Junior) ’ publicada pela revista  Veja (Edição 1826), em 29 de outubro de 2003, que revelava os bastidores da corrida presidencial de 2002: “Há um ano, Lula venceu a eleição com um estilo "paz e amor", mas, nos bastidores, uma equipe do PT trabalhou noite e dia desencavando denúncias e dossiês e promovendo blefes e negociações sigilosas para enfraquecer seus adversários”. Basta clicar no link e reler a publicação que já pode ser vista anteriormente aqui.

Prossegue o autor. Mas as relações de Serra com o submundo da espionagem foram levantadas pelo próprio autor. Faltava, no entanto, prová-Ias. Este capítulo traz essa prova cabal, os documentos inéditos que com­provam definitivamente o que todo mundo sempre soube. Serra costuma recorrer ao submundo da espionagem para vasculhar a vida de seus adversários políticos. A papelada cedida ao autor pelo jornalista Gilberto Nascimento evi­dencia que o governador paulista contratou, sem licitação, por meio da Companhia de Processamento de Dados do Estado de São Paulo (Prodesp), a empresa Fence Consultor ia Empresarial”.

O capítulo traz a prova de que Serra contratou a Fence para prestar serviços de Varredura Eletrônica, que é nada mais do que ‘varrer’ ambientes e linhas de comunicação com o objetivo de garantir a integridade de todos os sistemas de comunicações bem como o sigilo das conversas ocorridas em gabinetes, salas de reuniões e outros ambientes vulneráveis. Entenderam? Não tem rigorosamente nada a ver com serviço de espionagem e muito menos com colocar escutas seja lá onde for.

Não há nada de ilegal no contrato apresentado no livro. Ao contrário, cumprem-se todas as normas de contratos deste tipo entre duas partes com o acréscimo, neste caso, oferecido por parte do contratado, de selo de garantia ISO – o que não é comum entre as empresas brasileiras que oferecem este tipo de serviço (pouquíssimas, aliás). Como se pode ver no texto do contrato, a Fence já prestou serviços a outros órgãos públicos bem como a empresas de capital misto e privadas - todos legalmente qualificados e declarados, inclusive comprovados por emissão de notas fiscais e por relatórios entregues aos contratantes. Absolutamente nada de ilegal.

Nada nos dois documentos apresentados neste capítulo do livro constitui prova de contratação de serviço de ‘arapongagem’, palavra usada ou por ignorantes no assunto ou por indivíduos, sabe-se lá o porquê, frustrados e rancorosos, para designar ‘espionagem’.

Aliás, não é compreensível o deboche de algumas pessoas em relação aos serviços de informações – que incluem espionagem como feramenta. Graças a estes serviços, muito criminosos são presos e, nos casos mais extremos, muitas vidas são salvas quando se consegue evitar, por exemplo, a consumação de ações de terrorismo. Serviços de Inteligência são fundamentais em qualquer lugar do planeta. Só aqui neste país ainda governado por revanchistas retrógrados e cuja imprensa ainda é patrulhada e dominada por uma esquerda retardada e sem compromisso com a verade é que estes serviços são menosprezados e ridicularizados - pelo menos pelo governo instituído. Sabe-se que nem tão desprezados assim são tais serviços por partidos que desejam eternizar-se no poder, os quais têm serviços de inteleigência próprios.

Nada nos contratos apresentados neste capítulo do livro constitui prova das acusações que são feitas a empresas e a pessoas referidas no texto discertado pelo autor.

Talvez algumas pessoas tentem argumentar que não haja como provar que uma espionagem tenha sido feita, principalmente quando há profissionais competentes envolvidos. Enganam-se. As primeiras evidências de que tenha havido espionagem são seus próprios frutos, ou seja, o acesso por parte de terceiros a dados e a materiais que só seriam de conhecimento de grupo restrito e autorizado de pessoas. Esse ‘vazamento’ de informações e/ou de materiais causa qualquer tipo de prejuízo à vítima espionada e, geralmente, algum tipo de vantagem para quem ordenou o trabalho de espionagem.

As provas, portanto, precisam ser obtidas a partir da investigação dos passos dados pelas pessoas suspeitas de terem pago e/ou realizado operações que sejam dignas de suspeição, durante determinado período no tempo. Vale lembrar aos incautos que, nesses casos especificamente, quase sempre é inútil ‘perseguir o dinheiro’ somente, como querem fazer parecer ignorantes que se gabam de expertize em investigação.

Portanto, repito: nada nos contratos apresentados neste capítulo do livro constitui prova das acusações que são feitas a empresas e a pessoas referidas no texto discertado pelo autor.

“A Fence é propriedade (sic) do ex-agente do Serviço Nacional de Informações (SNI), o legendário coronel reformado do exército (sic) Ênio Gomes Fontelle, 73 anos, conhecido na comunidade de informações como "Doutor Escuta'. Diz Amaury no livro.

A Fence é realmente de propriedade do coronel do Exército reformado Enio Gomes Fontenelle (sem acento circunflexo no E de Enio e não Fontelle, como escreve o autor que se intitula ‘jornalista investigativo’). E não foi erro de digitação não, pois o nome errado permanece durante todo o capítulo, aparecendo ainda numa outra versão - Fontelles. Engraçado é que, quando dá entrevistas para TV o autor pronuncia corretamente o nome do coronel. Será que ele não reparou neste erro grosseiro que se repetiu por todo o capítulo? Será que não foi ele quem escreveu o livro? Será que foi mesmo o próprio autor quem fez a ‘investigação’ do assunto?

Outro erro: o coronel Fontenelle nunca foi agente do SNI. O cargo que ocupava era de direção e exigia curso superior. Sua área era a tecnológica voltada para as telecomunicações (comunicação à distância), trabalhando iclusive com materiais de grande porte como linhas de transmissão, estações de rádio, antenas e satélites. Por isso mesmo é que a comunidade de Inteligência jamais o tenha tido como ‘dr. escuta’. Quem sabe talvez assim o seja conhecido, hoje em dia, entre desafetos que tenham tido seus planos de escuta atrapalhados pelo trabalho de varredura do coronel. Portanto, pelos contatos do autor e pelo baixíssimo nível do que chama de sua ‘investigação’ suspeito que esta última alternativa seja a mais plausível para justificar essa ‘pérola’ de difamação e de deboche gratuitos com uma pessoa que fez muito mais pelo país do que muita gente que acha que é grande coisa porque acha que se especializou em invertigar ‘maracutaias’.  

“A empresa do "Doutor Escuta" foi contratada por R$ 858 mil por ano "mais extras emergenciais" - pagos pelo contribuinte - no dia 1O de julho de 2008. Vale lembrar que nessa época a vida particular do ex-governador de Minas Gerais Aécio Neves estava sendo esprei­tada por arapongas no Rio de Janeiro, onde a Fence está sediada. Talvez isso explique por que a Prodesp tenha invocado "inelegibilida­de" para contratar a empresa do araponga sem licitação. Em outras palavras, a Prodesp afirma que o "Doutor Escuta" não tinha concorrentes à altura para realizar o serviço.

Para começar, nenhuma empresa pode ser oficialmente contratada segundo cláusula de inelegibilidade, especialmente no setor público, porque algum responsável por contratações qualquer tenha resolvido assim proceder. É preciso que a empresa esteja enquadrada dentro das normas legais que a qualifiquem como passível de ser contratada mediante tal alegação. No próprio contrato da Fence constam referências às leis e normas que tratam dessas especificações. Além disso, não só a Prodesp como qualquer outra empresa deve levar em conta questões como confiabilidade e segurança para contratar serviços de varredura eletrônica. Portanto, talvez fosse mesmo a Fence a única empresa que se enquadrasse em todas as exigências.

Exemplificando, é como se alguém pudesse contratar para tomar conta de seus filhos uma pessoa qualquer que lhe batesse à porta, ignorando as mínimas normas de segurança e fatores importantes, como confiança, empatia, experiência e competência, para o tipo de convivência que o contratado viria a ter com o contratante e sua família. Ora, tenham a santa paciência, perseguição tem seus limites!

“Conforme o contrato, entre outros serviços, a Fence é responsável pela "detec­ção de incursões eletrônicas nas instalações da Prodesp ou em ou­tras localizações de interesse da empresa". Isto significa que a empresa tem como acessar os dados pessoais de funcionários pú­blicos, de juízes e até de parlamentares por uma simples razão: a Prodesp é responsável não só pela folha de pagamento, mas tam­bém por todos os serviços de informações do Estado. Ou seja, o contrato concede à firma do "Doutor Escuta" o direito de invadir esses dados na hora que bem entender. Até o fechamento deste li­vro (final de junho) o governador Geraldo Alckmin (PSDB) man­tinha o contrato com a empresa de Fontelle”.

O livro estaria todo baseado em provas documentais, afirmam o escritor e o editor da “Privataria...” Só mesmo um analfabeto ou alguém que não tenha nem escrito nem lido o tal livro pode sair, primeiro acreditando nisso, depois repetindo tal afirmativa, indiscriminadamente, em todas as entrevistas que desse. Não há uma só linha nos documentos apresentados neste capítulo que justifique a afirmativa de que “a empresa (Fence) tivesse como acessar os dados pessoais de funcionários pú­blicos, de juízes e até de parlamentares” porque a Prodesp seja a responsável pela folha de pagamento dos funcionários públicos de SP e por todos os serviços de informações do Estado. Muito menos ainda há referências no contrato concedendo à Fence o direito de invadir todos aqueles dados na hora em que bem entendesse.

Para que se tenha acesso a dados como esses acima citados pelo autor é necessário que uma pessoa autorizada o faça, mediante código de informação, senha ou coisa que o valha. Quando se entra no sistema, este código fica registrado, junto com outras informações como data, horário e tempo de acesso, bem como, em alguns casos, os dados acessados. Foi assim que se pôde descobrir, por exemplo, quem havia sido o autor da quebra de sigilo bancário do caseiro Francenildo, no caso envolvendo o ex-ministro Palocci. Mesmo assim, a justiça entendeu que não havia evidências que pudessem servir de prova legal de que o ocorrido tivesse sido fruto de ordens expressas do ex-ministro.

É preciso esclarecer também ao ‘senhor ex-jornalista investigativo’ que para apresentar os relatórios de varredura, a empresa contratada costuma despender todo o tempo com qualquer ameaça que possa vir de fora para dentro, isto é, do ambiente externo para o ambiente interno e que, inversamente, possa levar informações internas para o exterior da empresa. Programas e arquivos que estejam na chamada ‘intranet’ não representam alvo eletrônico de varredura e sim alvo físico de investigação – feito pelos responsáveis pela Segurança da empresa e cujo objetivo está em encontrar pessoa responsável por copiar, retirar ou introduzir algo no sistema.

Além disso, por acaso alguém veio a se beneficiar de dados que, segundo acusações do autor, teriam sido acessados pelo coronel na Prodesp? Não. Serra não utilizou nada que tivesse sido obtido de maneira ilícita, muito menos na Prodesp, em sua última campanha para presidente. Não houve nenhuma notícia em relação a isso. Além disso, pergunta-se: que dados teriam sido acessados? Quando? Para que? Essas seriam as provas que deveriam ter sido mostradas no livro deste ex-jornalista para que ele pudesse fazer a acusação de tamanha gravidade que fez.

Enfim, são acusações gravíssimas feitas sem nenhuma evidência de que estejam baseadas nem na realidade nem em documentos probatórios. Jornalismo marrom de inegável sensacionalismo e de um amadorismo de se estranhar, considerando os anos de experiência de trabalho do autor.

Insisto na desconfiança de que parece que não tenha sido o autor quem escreveu especialmente este capítulo do livro.

Não é segredo que Amaury Ribeiro Jr. tenha ficado extremamente magoado e rancoroso quando teve que assumir, durante as últimas eleições presidenciais, toda a culpa pelo episódio de quebra de sigilo fiscal de pessoas ligadas ao PSDB. O jornalista foi acusado de ter sido quem encomendara as invasões de privacidade na busca por informações comprometedoras de José Serra, já que estava naquela época trabalhando junto à equipe de campanha da candidata Dilma Roussef. Além disso, repito, foi indiciado por quatro crimes em relação a este caso.

Amaury sempre desejou vingar-se do PSDB e de seus ‘colegas’ de profissão, de quem o jornalista talvez esperasse um apoio que não chegou. Talvez a publicação sensacionalista despreocupada com simples regras de lógica e com um mínimo de compromisso com a informação verdadeira tenha a ver com uma possível sensação de sentir-se vingado. Uma vingança que pode custar caro a Amaury, ao menos financeiramente.

Continua o livro. “E o que o delegado federal e ex-deputado, também federal, Marcelo Itagiba, chefe da arapongagem serrista, tem a ver com isso? A resposta quem fornece é o próprio currículo do coronel. O "Doutor Escuta" jacta-se de haver integrado o seleto grupo de ara­pongas que Serra, quando era ministro da Saúde de FHC, montou na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária)”.

O que será que Amaury quer dizer com ‘jacta-se’ (vangloriar-se, ufanar-se, gabar-se)? Onde será que o jornalista teve a oportunidade de estar com o coronel Fontenelle para ter podido vê-lo gabar-se de ter prestado serviços importantes ao então ministro da Saúde, José Serra? Sim, porque ninguém ‘jacta-se’ de absolutamente nada quando coloca sua experiência profissional em um currículo, por exemplo. A pessoa limita-se a descrever, por escrito, pura e simplesmente, sua experiência profissional, colocando local, período e função exercida nos trabalhos que já fez e/ou pelos quais passou. Para ufanar-se geralmente as pessoas utilizam suas habilidades oratórias auxiliadas por suas expressões corporais. Será que Amaury assistiu algum vídeo no qual o coronel ‘jactava-se’ de ter trabalhado para o ministro da Saúde? Ou será que teve acesso a algum documento redigido e assinado pelo coronel onde este ‘jactava-se’, por escrito, de ter exercido tal atividade? Talvez o jornalista tenha se excedido ao atribuir ‘sentimentos’ a terceiros como se com eles tivesse estado pessoalmente ou como se a eles conhecesse.

“Sob a batuta de Itagiba, além do coronel Fontelle, estavam ainda mais dois personagens destas páginas. Um deles, o ex-agente do SNI Fernando Luiz Barcellos, de alcunha "agente Jardim". E ... adivi­nhe quem mais! Sim, ele mesmo, o delegado Onézimo das Graças Sousa, aquele mesmo frequentador do restaurante Fritz, da confei­taria Praline e das páginas de Veja e dos jornalões em 2010. O ninho de arapongas da Anvisa foi desativado pelo próprio Serra, o que aconteceu após a imprensa denunciar que a vida privada de servidores do Ministério da Saúde e de desafetos do então minis­tro - entre eles seu colega, o ministro da Educação, Paulo Renato de Souza, falecido em 2010 - estaria sendo esquadrinhada. Na época, o argumento de Serra para a arregimentação de arapongas foi o medo. Receava ser grampeado por representantes das indústrias de medica­mentos, que teriam sido contrariados por medidas do governo”.

Outro erro importante que Amaury comete é dizer que havia ‘um ninho de arapongas na Anvisa’. Os serviços contratados (que eram de varredura eletrônica e não de espionagem) pelo então ministro da Saúde, José Serra, eram plenamente justificáveis, na medida em que estavam em jogo a quebra da patente de medicamentos (lembrar da importância que isso representou para o tratamento da Aids) e a implantação do sistema de produção de medicamentos genéricos no Brasil. Coisa simples, não?! Não se estava indo contra os interesses de nenhuma grande indústria multinacional, não é mesmo?! Era coisa pouca, bobagem...

“Coincidentemente, o "Doutor Escuta" e os demais pássaros fo­ram contratados em 2002, quando partidários do PFL (atual DEM) denunciaram a suposta vinculação de setores do governo do PSDB com os grampos fatais à candidatura pefelista à Presidência da República. Teriam levado a Polícia Federal a descobrir que a em­presa Lunus, de propriedade da candidata Roseana Sarney e de seu marido Jorge Murad, guardava R$ 1,34 milhão em seu cofre. Suspeita-se que o dinheiro alimentaria a campanha do PFL, implo­dida ali mesmo pela apreensão”.

Sobre o que realmente ocorreu após a imprensa ter denunciado que a vida privada de servidores do Ministério da Saúde e de desafetos de Serra estariam sendo ‘espionadas’, e especialmente sobre o fim da possível futura candidatura de Roseana Sarney à presidência de república, novamente recomendo a leitura deste artigo bastante esclarecedor: ASSIM COMO ERA NO PRINCÍPIO, AGORA E SEMPRE – de Christina Fontenelle, que já foi, inclusive divulgado neste relato. Não é nada parecido com o que os leitores tiveram conhecimento na época da divulgação de tais acontecimentos.

 

O que se pode adiantar ao leitor, ou resumir, é que o envolvimento da Fence neste episódio foi logo descartado pela própria imprensa, ao descobrir a participação de empresas de espionagem de Brasília, entre elas a Interforte, no episódio. O nome da Fence e o do coronel desapareceram da mídia logo nas primeiras fases do escândalo. Portanto, pura má fé do autor da Privataria Tucana citar tal episódio, confiando na falta de informação e de memória de seus leitores, para difamar gratuitamente um ser humano.

“O "Doutor Escuta" vem de longe. Foi no período do presidente João Baptista de Figueiredo que ele se integrou à comunidade de informações. Entrou pelas mãos do ex- ministro-chefe do SNI, Octávio Medeiros. Seu rumo foi o Garra, braço armado das ações clandestinas e a arma mais letal do SNI durante a ditadura. Fontelles recebeu a tarefa de modernizar o arsenal tecnológico do órgão. Como seu próprio codinome esclarece, o "Doutor Escuta" coman­dou uma equipe de trabalho que desenvolveu aparelhos de escuta com tecnologia nacional que substituíram os importados.

Este senhor Amaury parece mais um irresponsável desesperado que aceita submeter-se aos ditames de algum petista frustrado que lhe tenha ditado um texto pronto sobre o coronel Fontenelle – para obter sabe-se lá que proveitos. Tudo para se vingar do pessoal da imprensa que não o deixou levar adiante sua carreira de informante do PT. Digo isso por causa da enorme quantidade de informações erradas que o jornalista expõe neste capítulo – nem o nome do coronel o cara acertou! Como é que uma pessoa que se diz jornalista investigativo tem a coragem de apresentar um ‘trabalho’ desses.

O coronel Fontenelle jamais pertenceu ao Garra. Ele foi da área de Comunicações do Exército na ativa e, quando foi para o SNI, atuou na mesma área. Todas as modernizações que foram feitas quando o coronel esteve na direção do setor de Comunicações do órgão jamais foram além de sua área.

Se o coronel tivesse desenvolvido um aparelho de escuta com tecnologia nacional para substituir os importados, o teria feito muito bem. Todos os serviços de informações do planeta possuem aparelhos de espionagem, dentre eles os de escuta. É usando todo um aparato tecnológico específico que conseguem proteger e manter sempre bem informada a cúpula dos governos para que estejam protegidos de ações criminosas de toda espécie e, se possível, adiantando-se às mesmas. Não há nada de errado nisso, especialmente quando se está a serviço de um governo que tenha sido eleito por um Congresso formado por parlamentares legalmente eleitos.

Além disso, foi o governo do presidente João Baptista Figueiredo, general do EB, o responsável por fazer a transição do governo militar para o governo civil, missão que cumpriu plenamente. Servir ao governo de Figueiredo não deve representar vergonha para ninguém. Ao contrário, significou trabalhar para garantir que a normalidade democrática viesse a se reinstalar no país.

“Faziam parte do seleto grupo do Garra os coronéis Ary Pereira de Carvalho, o "Arizinho"; e Ary de Aguiar Freire, acusados de participar do complô que resultou no assassinato do jornalista Alexandre Von Baumgarten em outubro de 1982. Dois meses antes de morrer, o jor­nalista compôs um dossiê. No chamado Dossiê Baumgarten, os dois Arys são acusados de terem (sic) participado da reunião em que foi selada a morte do jornalista”. (42)

“O sargento Marival Dias, do CIE (Centro de Informação (sic)do Exército), soube da morte do jornalista antes mesmo de seu desa­parecimento ser anunciado. Disse ao autor que Baumgarten teria sido executado pelo "Doutor César", codinome do coronel José Brant, também do Garra, a exemplo de Fontelles. Agente do CIE em Brasília, Dias teve acesso a um informe interno onde se afir­mava que a morte se devia a Brant. Em uma operação do Garra para intimidar Baumgarten, o "Doutor César" teria se excedido e matado o jornalista. Isto o teria obrigado a eliminar duas teste­munhas: a mulher de Baumgarten, Janete Hansen, e o barqueiro Manuel Valente. A reportagem, publicada na revista IstoÉ, nunca foi desmentida”. (43)

(42) Baumgarten saiu para uma pescaria no dia 13 de outubro de 1982. Seu corpo apareceu boiando doze dias mais tarde na praia da Macumba, no bairro carioca do Recreio dos Bandeirantes. Tinha as marcas de três tiros. Dois cadáveres, que seriam os de sua mulher, lanete Hansen, e do barqueiro Manuel Valente, foram descobertos carbonizados em Teresópolis, alguns dias mais tarde.
(43) "Os matadores'; de Amaury Ribeiro Ir., reportagem publicada em IstoÉ, edição de 24 de março de 2004.

“Aos seus clientes, o coronel Fontelles costuma dizer que sua em­presa presta serviços de contraespionagem e não espionagem. Como veremos mais à frente, foi justamente esse trabalho, ou de contraespionagem, que acabou envolvendo o autor no episódio da quebra de sigilo da suposta quebra de sigilo de Verônica Serra du­rante a campanha presidencial de 2010”.

Primeiramente, não foi nenhum trabalho de contraespionagem o que envolveu Amaury Ribeiro Jr no episódio da quebra de sigilo fiscal de Verônica Serra e de seu marido. O que levou o jornalista a se envolver no episódio foi justamente ter encomendado tal material ao senhor Dirceu, que costumava levantar documentos em órgãos públicos para o jornalista, mediante pagamento. Amaury afirma que não havia nada de ilegal nisso. Ora, os boa parte dos documentos obtidos pelo jornalista não são material ascessível a qualquer cidadão que o requisite pessoalmente ou até por meio de um despachante sem, digamos, determinados privilégios.

Segundo o próprio autor do livro, a posse de tais documentos é que fez com que membros da campanha presidencial de Dilma Roussef o tivessem procurado. Certamente a intenção era a de usar o material contra o candidato oposicionista do PSDB, José Serra. Se não simpatizasse com o PT, se não tivesse tão interessado em poder e em dinheiro e se estivese interessado somente em fazer investigações sobre o PSDB para publicar um livro, Amaury deveria ter recusado atuar partidariamente no cenário das eleições presidenciais. Portanto, foi a ambição e o partidarismo do jornalista que o envolveram no caso de quebra de sigilo.

Além disso, o que mais enoja nesse parágrafo é o fato de autor, mentirosa e intencionalmente, tentar fazer parecer que os serviços prestados pela empresa do coronel Fontenelle tenham alguma coisa a ver com o ‘inocente’ envolvimento de Amaury na quebra e sigilo fical de familiares de José Serra. É de uma maldade inominável.



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O nome da FENCE Consultoria Empresarial Ltda., de propriedade do coronel da reserva do Exército, Enio Gomes Fontenelle, ganhou destaque em 2002, no episódio “Roseana Sarney – Dinheiro da Lunus”, ainda que por pouco tempo, uma vez que tenha tido seu envolvimento no caso descartado. Depois, os nomes da empresa e do coronel retornaram à mídia, no caso dos “Grampos no TSE e no STF”. O envolvimento era pelo “inadmissível cometimento do crime” de ter encontrado indícios de suspeição de que teria havido escuta nas linhas telefônicas de ministros de TSE e do STJ. E as escutas realmente aconteceram. Mais recentemente, em dezembro de 2010, o livro “A Privataria Tucana”, do jornalista Amaury Ribeiro Jr, trás de volta os nomes do coronel e de sua empresa para a mídia, fazendo injustificadas e mentirosas acusações ao coronel, mediante a simples apresentação de um contrato, completamente legal, entre sua empresa, a Fence, e a Prodesp de São Paulo.

Ao contrário do que fazem muitos artistas, jornalistas e políticos, que escondem suas filiações partidárias, seus parentescos, suas amizades e seus interesses, quando a clareza daquilo sobre o que falam ou escrevem possa estar comprometida por causa dessas coisas, eu agora sinto que é preciso revelar este meu parentesco com o coronel Fontenelle. Eu sou filha dele, tendo convivido intensamente com ele lá se vão 48 anos.

Não tenho medo de jogar por terra a minha carreira, simplesmente porque carreira é algo do que, entre outras coisas, se tira dinheiro para sobreviver. É um trabalho remunerado. Sendo assim, eu não tenho carreira, tenho um sonho (este sim de poder vir a ter uma carreira e de viver num país justo e livre) e um inevitável compromisso com Deus, com a minha consciência e com meus filhos. Honro, sim, pai e mãe, com muito orgulho. Honra que, para mim, pode se manifestar de duas maneiras: quando eles acertam, eu os defendo, até o fim; quando eles erram, eu os apoio, com meu carinho, minha compaixão, mas jamais com acobertamento ou tentando tergiversar para defender o indefensável, ainda que possa ser justificável. Pois assim foi como me ensinaram eles mesmos, meus pais, e não só com palavras, mas com atitudes. Muitos não tiveram a sorte de ter bons exemplos. Eu tive. E, portanto, a mim não creio ser dado o direito de ignorá-los.

Durante toda a minha vida, eu tive um pai e uma mãe que me ensinaram a sentir as pessoas, não a pura e simplesmente enxergá-las. Meu pai foi sempre um aluno brilhante e assim continuou em toda sua vida de trabalho, tanto no Exército, onde permaneceu até o posto de Coronel, como em todas as atividades que desempenhou e ainda permanece fazendo, na vida civil. Um homem honesto, muito admirado e muito querido, em todos os lugares por onde passou. Inclusive no SNI (Serviço Nacional de Informações), durante o tempo em que o órgão servia ao Brasil e não a governos.

Lá, sempre foi um chefe e um subordinado admirado e respeitado. Pude ver isso, nas poucas vezes em que estive visitando seu gabinete. Mas, de todas essas coisas que os filhos costumam gravar sobre seus pais, uma coisa marcou muito a minha vida: certa vez, numa das primeiras visitas que fiz a meu pai, pude observar um recorte de jornal emoldurado num destes quadrinhos simples, de vidro e madeira.
Nele, a imagem de um menino nordestino, raquítico e de olhar triste, que era carregado, nos braços de sua mãe, de volta da escola para casa, porque não tinha forças para caminhar. O texto da reportagem dizia que, naquele dia, não havia tido merenda escolar e que o menino, faminto, voltava para casa, onde também não encontraria nada para comer. Lembro de ter perguntado a meu pai o motivo de colocar aquele quadrinho bem em frente à sua mesa de trabalho. Ele respondeu que era para que nunca viesse a esquecer do que deveriam ser os reais propósitos do poder: tirar essa gente da situação desumana em que vivem, tanto física como muitas vezes espiritualmente.

Eu tinha meus 15 ou 16 anos. Tudo que diz respeito a aquele quadrinho jamais me saiu da memória: minha mãe, que havia recortado a matéria e dado a meu pai, como sempre fazia, ajudando a enriquecer os sentimentos e o intelecto daquele que tanto amava, com recortes, livros e amor; a sensibilidade e a retidão de propósitos de meu pai; o exemplo, que diz e representa muito mais do que mil palavras. E, ainda, ao longo de suas vidas, por todos os lugares por onde passaram, meus pais deixaram infinitos bons exemplos, bem como inúmeros atos de caridade, de amor e de compaixão.

Quando Fernando Collor assumiu a presidência, meu pai, ainda no SNI, começou a ver procedimentos que não lhe pareciam legais ou de boa ética. Um dia, seu superior determinou que mandasse funcionários fazerem operações, no mínimo de ética muito duvidosa, com as quais meu pai não concordava. Ele foi demitido do SNI, por se recusar a cumpri-las. Para mim, ele alegou que tinha motivos para não confiar no governo de Collor e que sua honra e honestidade estavam acima dos proventos que certamente minha família perderia, depois que ele deixasse o cargo.

Ele recebeu os direitos trabalhistas e ficou dois anos, em casa, sobrevivendo com o dinheiro da aposentadoria de coronel do exército, com o qual tinha que sustentar uma família de 6 pessoas. Foram dois anos de sacrifícios e angústias, até que um amigo o chamou para trabalhar no desenvolvimento do projeto de segurança e de telecomunicações da ECO 92.
A partir dali, e juntamente com o desenvolvimento de um aparelho conhecido como misturador de voz, que vinha sendo produzido por ele, acabou fazendo contatos e percebendo as necessidades do mercado, até que conseguiu abrir uma empresa especializada em segurança de telecomunicações. Por sua competência e idoneidade, meu pai foi conquistando clientes e contratos, apesar da simplicidade da empresa, até que, finalmente, depois de anos de trabalho, conseguiu alguns bons contratos, que puderam proporcionar a compra de equipamentos mais modernos e mais eficientes, bem como melhorar as condições de vida da família.

Um belo dia, em março de 2002, um repórter chamado Weiller Diniz, da revista ISTO É, publicou uma reportagem acusando a FENCE CONSULTORIA LTDA, de ser responsável pelas espionagens que geraram o material que acabou por tanto afetar a pré-candidatura Roseana Sarney à presidência, pelo PFL. Quando ficou claro que não havia sido a FENCE a autora das espionagens, a revista, e já toda a imprensa, passou a perseguir a empresa pelos valores do contrato com o Ministério da Saúde.

Este cidadão irresponsável, com apenas uma reportagem, citando uma empresa que não tinha absolutamente nada a ver com o episódio Roseana, arrasou a vida de algumas famílias inocentes. Já ele, não com esta, mas com outra reportagem, foi agraciado com o Prêmio ESSO de Informação Econômica, em 2004, e, em 2005, foi trabalhar, pela segunda vez, na assessoria de imprensa do ‘ilibadíssimo’ senador Renan Calheiros.

Alguns dias depois da reportagem, e enquanto ainda saiam outras, meus pais fizeram 40 anos de casados e, o que poderia ter sido uma comemoração alegre e festiva, tão carinhosamente planejada por minha mãe, foi, apesar de toda a beleza da missa, uma situação de constrangimento para todos nós. Algum tempo depois, meu pai levou um tombo e teve que operar, pela segunda vez, a rótula entre a bacia e o fêmur. Minha avó sofreu um enfarte e teve que ser operada. Os dois se recuperaram bem. Mas, a segurança financeira da família começaria a ficar difícil.

Por causa da reportagem mentirosa e de uma perseguição infundada por parte a imprensa, a Fence perdeu muitos contratos, pois, segundo os próprios clientes, havia o medo de serem igualmente perseguidos pelo governo do PT. Dessa forma, meu pai teve que trabalhar fora da empresa fazendo projetos de segurança de telecomunicações para Itaipú.

Enquanto isso, aguardávamos o julgamento da investigação do Tribunal de Contas da União sobre o contrato entre a Fence e o Ministério da Saúde pedida pelo deputado federal João Hermann Neto (PT), e cujo resultado inocentou completamente a empresa de ter incorrido em qualquer ilegalidade que fosse, inclusive nos valores pedidos. 

Para ler o parecer do TCU completo, clique 

https://contas.tcu.gov.br/etcu/AcompanharProcesso?p1=4302&p2=2002&p3=6

Venceu a Fence pelo menos a parte moral da batalha contra a perseguição petista, já que a parte do prejuízo financeiro ficou sem ser reposta, uma vez que cabe ao injustiçado arcar com as despesas para entrar com um processo de ressarcimento. Se vencer, além do valor da ação, também recebe de volta as despesas que teve com o processo. Se perder, arca com mais este prejuízo. Isso sem falar nos anos e anos de aborrecimento para que se consiga vencer uma ação por danos morais e financeiros na Justiça brasileira.


Foram anos de trabalho para conseguir se estabizar financeiramente. Até que veio o episódio dos grampos do TSE e do STJ. O crime cometido pela Fence do coronel Fontenelle? Ter encontrado suspeição de indícios de ter havido escuta nas linhas telefônicas do TSE

Por último: Tanto Amaury como a Editora que publicou o livro Privataria Tucana estão sendo processados. Já lá se vão 7 anos e nada de julgamento! Por que será? Isso porque o Cel. Enio Fontenelle já tem 80 anos - o que lhe garantiria prioridade no empo de andamento do processo. Os réus já tentaram pedir ao juiz que não colocasse a editora no processo - o juiz negou.